Ao contrário do que tentou mostrar a mídia brasileira, a visita de Lula a Israel, Palestina e Jordânia obteve sucesso, mesmo em um cenário de acirramento das tensões na região. O presidente levou uma mensagem de paz e de busca de uma solução pacífica pela criação de um Estado palestino, criticou a política israelense nos territórios ocupados, colocou o Brasil como um ator importante na busca de uma solução negociada para a contenda que envolve árabes, israelenses e, agora, o Irã.
À parte, conseguiu, com uma grande delegação empresarial, consolidar estratégias de abertura de mercados e ainda pôde celebrar com Israel o acordo de livre comércio entre aquele pais e o Mercosul. Israel é o primeiro pais fora da América do Sul a ter este tipo de acordo com o bloco. O fato foi comemorado até pelo chanceler israelense, o direitista Avigdor Lieberman, que boicotou a visita de Lula ao Parlamento ( Knesset), devido ao fato de o mandatário brasileiro não ter visitado o túmulo do patriarca do Estado de Israel, Theodor Herzl. Infelizmente, a imprensa e grupos associados a interesses menores, no lugar de criticar a atitude de Lieberman, fizeram eco de uma versão que distorcia o sentido dos fatos.
A mídia brasileira, ao contrário da internacional, ignorou os resultados da visita, apegando-se a detalhes irrelevantes, como o incidente com Lieberman. A notícia é errada e injusta: a atividade não tinha sido acertada pelo cerimonial de ambos os países e, quando proposta, a equipe do presidente brasileiro avaliou que não devia ser incluída, pois não tinha precedentes.
De fato, a visita ao túmulo de Herzl havia sido eliminada do circuito protocolar de dignitários estrangeiros desde 1994, e só foi reintroduzida há poucas semanas. Mas o presidente visitou vários lugares que simbolizam o Estado de Israel, como o monumento ao Holocausto. Seu discurso foi ovacionado no Parlamento de Israel. O fato é que Lula conseguiu mostrar, na viagem, seu reconhecido trânsito entre as diversas comunidades em conflito. Teve a companhia onipresente do presidente de Israel, Shimon Peres, até deixar o país.
Ouviu elogios e apelos de apoio dos políticos israelenses, mesmo dos que discordaram de sua aproximação com o Irã. Foi celebrado como ídolo na Cisjordânia, onde inaugurou uma rua chamada Brasil, e recebido como futuro parceiro econômico e político pelos líderes da Jordânia, um dos países árabes a sustentar a causa palestina e adotar, ao mesmo tempo, uma política de moderada aproximação com Israel.

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